Porco Preto de Montanheira
A raça suína Alentejana e os montados estão historicamente associados. O montado é um sistema agro-silvo-pastoril, criado pelohomem, através da abertura e selecção de espécies do Bosque Mediterrânico e da sua conservação através do pastoreio e de práticas agrícolas no seu sub-coberto. Os frutos das árvores são o principal recurso alimentar dos montados. No montado de azinho domina a azinheira que produz bolota, no de sobro o sobreiro que produz lande e nos montados mistos existem as duas espécies. A bolota e a lande constituem a fonte energética fundamental no acabamento do porco Alentejano, que é complementada pela proteína disponibilizada pelas pastagens naturais ou melhoradas dos montados. A engorda na montanheira, desde o final de Outubro, princípios de Novembro, até fins de Fevereiro, foi e continua a ser o elemento estratégico do sistema produtivo e a forma de acabamento que melhor valoriza os produtos do porco Alentejano e os próprios montados.
Montado
O Montado Alentejano é a paisagem mais famosa do Alentejo e é também um mundo de forte identidade, de tradições e costumes bem enraizados e de uma grande tradição cultural e etnológica. Dominado pelas grandes manchas de sobreiros e azinheiras alinhados em planícies onduladas ou em serras mais tímidas, o montado alentejana é uma imagem idílica. A produção pecuária no montado alentejano é muito importante, ao nível da exploração e à escala regional. Baseia-se no sistema silvo-pastoril, com aproveitamento directo dos recursos alimentares naturais por raças autóctones. O Porco Preto Alentejano tem uma alimentação que consiste num regime extensivo de pastoreio nos campos, em montado de azinheiras e sobreiros, pasta em total liberdade no montado durante 18 a 24 meses, na busca de bolotas e pasto. A raça suína alentejana é, desde tempos remotos, explorada em regime extensivo, utilizando e valorizando os recursos naturais do sistema agro-silvo-pastoril, em que se insere.
O porco Alentejano tem como características fundamentais a sua grande rusticidade, estando perfeitamente adaptado às condições em que é criado, e uma elevada capacidade de utilizar e valorizar os recursos naturais, como as ervas dos pousios e das pastagens, os restolhos dos cereais e, sobretudo, os frutos e as pastagens dos montados de azinho e sobro. Ontem como hoje, o acabamento dos porcos na montanheira - engorda intensiva dos animais nos montados de azinho e sobro, entre o final de Outubro, princípios de Novembro, até ao final de Fevereiro - constitui o elemento estratégico do sistema de produção do porco Alentejano. Os montados ao proporcionarem recursos alimentares renováveis de baixo custo estão historicamente associados ao sistema tradicional de produção do porco Alentejano.